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'Os pacientes de câncer viverão mais com o uso do tratamento sequencial', diz médico americano

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02/04/13

O câncer de rim, apesar de não ser um dos tipos mais frequentes, correspondendo a cerca de 2% dos cânceres, é considerado uma doença de difícil tratamento. O principal motivo é o fato de que a quimioterapia, procedimento mais utilizado para tratar o problema, não é eficaz contra ele.

O tipo mais comum de câncer de rim, correspondendo a 85% dos casos, é o carcinoma de células renais, um tumor que nasce no córtex do rim, ou seja, na sua parte mais externa. Cerca de um terço dos casos são descobertos em fase metastática, quando já apresentam sintomas como dores abdominais e sangramento na urina. Os fatores de risco relacionados à doença são tabagismo, hipertensão, obesidade e alguns fatores genéticos.

Uma alternativa para o tratamento, uma vez que a quimioterapia não apresenta resultados satisfatórios, é a imunoterapia. Feita a partir da estimulação do sistema imunológico, por meio da simulação de um processo inflamatório, esse tratamento costuma ser indicado apenas para pacientes jovens e saudáveis, que não apresentam complicações, pois tem a desvantagem de causar efeitos colaterais graves.

Drogas-alvo — Mas o que pode ser considerado uma revolução no tratamento do câncer de rim foi o surgimento das primeiras drogas-alvo voltadas para essa doença, por volta de 2005. São medicamentos que atuam em receptores presentes na superfície das células cancerígenas, corrigindo falhas gênicas que estimulam a formação de vasos sanguíneos tumorais, que alimentam o tumor e possibilitam seu crescimento.

"As primeiras terapias de alvo molecular surgiram com a descoberta do trastuzumabe e do rituximabe, por volta do ano de 2000, para tratamento do câncer de mama e linfoma, respectivamente. Desde então começou a revolução do tratamento de alvo molecular na oncologia", explica Ana Paula Garcia Cardoso, oncologista do Hospital Israelita Albert Einstein. Atualmente, existem tratamentos com drogas-alvo para grande parte dos tumores malignos, como do cérebro, pulmão, intestino, estômago e rim, entre outros.

Com a terapia-alvo surge também a possibilidade do tratamento sequencial. O paciente começa o tratamento com um determinado medicamento e, se com o passar do tempo se tornar resistente a ele, apresentando resultados piores, ele passa para a segunda linha de tratamento, ou seja, uma nova droga. Para Ana Paula, um dos maiores desafios atuais desse tipo de tratamento é escolher quais drogas devem ser utilizadas, e em qual ordem. "Ainda não foram encontrados biomarcadores, sinais nos pacientes que nos indiquem a qual droga eles responderão melhor antes do tratamento ser iniciado", afirma a médica.

Segunda geração – Em janeiro de 2012, o Food and Drug Administration (FDA, agência que regula a venda de medicamentos nos Estados Unidos), aprovou o axitinibe, de nome comercial Inlyta, produzido pela farmacêutica Pfizer. De acordo com especialistas, esse seria o primeiro medicamento aprovado da chamada "segunda geração de drogas alvo". No Brasil, a Pfizer entrou com pedido de aprovação na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em novembro de 2011, mas ainda não obteve resultado.

"A nova geração de medicamentos é mais seletiva, o que deve acarretar uma redução dos efeitos colaterais para os pacientes, mas ainda não sabemos como será a longo prazo", afirma Ana Paula.

O oncologista Robert Motzer, especialista em câncer de rim, esteve no Brasil para o IV Congresso Internacional de Uro-Oncologia (entre o final de fevereiro e o início de março), realizado pelo Hospital São José, em São Paulo. Motzer faz parte do corpo clínico do Memorial Sloan-Kettering Cancer Center, em Nova York, referência mundial em terapia e pesquisa do câncer, e é presidente do comitê de tumores geniturinários da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (The American Society of Clinical Oncology). Em entrevista ao site de VEJA, ele falou sobre o cenário atual e as perspectivas de tratamento para o câncer de rim.

Qual o futuro para o tratamento do câncer de rim?

Houve um grande avanço no tratamento de câncer do rim com a descoberta e o desenvolvimento das drogas-alvo. Com base em uma compreensão melhor da biologia do câncer de rim e dos fatores importantes para as células do câncer crescerem, foram identificadas as drogas-alvo, que atacam as células cancerígenas nesses fatores. Um dos mais importantes é o fator de crescimento endotelial vascular, relacionado à formação de vasos sanguíneos para alimentar as células cancerígenas.

Eu acho que a direção para o tratamento da doença no futuro será personalizar a escolha dos medicamentos de acordo com as necessidades do paciente e seus outros problemas de saúde. Além disso, essas novas drogas alvo são capazes de controlar o câncer por um tempo, mas em algum momento ele volta a crescer, então estamos aprendendo a utilizá-las em sequência: em vez de utilizar apenas um medicamento, utiliza-se um e, quando o câncer começa a crescer, ele é trocado. Ao longo do tempo os pacientes viverão mais com o uso do tratamento sequencial. A terceira direção é identificar novos alvos para que possamos desenvolver novos remédios.

Por que a incidência de câncer de rim está aumentando nos Estados Unidos?

Há duas razões. A primeira é que estamos ficando melhores em detectar o câncer de rim, devido à maior precisão em ultrassons, por exemplo. A forma mais comum em que o câncer de rim tem sido encontrado é como uma descoberta incidental, ou seja, o paciente faz um ultrassom para investigar algum outro problema e os médicos acabam encontrando um câncer de rim. A segunda é que na maioria das vezes o câncer de rim é causado por fatores como tabagismo e obesidade. Como a população dos Estados Unidos está tendo mais problemas com a obesidade, esse pode ser um fator que contribui para o aumento da incidência de câncer de rim.

Por que é tão difícil tratar o câncer de rim?

Uma razão é porque ele é um câncer que não costuma ser diagnosticado em estágio inicial, então muitas vezes ele já se espalhou por outros locais do organismo quando é descoberto. A outra razão é que ele é muito resistente à quimioterapia. O motivo disso ainda não é conhecido, mas acredita-se que por alguma razão genética o rim é muito resistente a toxinas, devido ao seu papel de expelir os 'venenos' para fora do corpo por meio da urina, e por isso ele resistiria a diversos medicamentos.

Como as drogas alvo atuam no organismo?

Uma célula é como uma casa. E no porão da casa ficam os fusíveis. Se um fusível queima, algumas coisas não funcionam corretamente: as luzes não acendem, a geladeira não funciona. O mesmo ocorre com a célula afetada pelo câncer. Se o "gene-fusível" quebra, a célula não funciona corretamente. Então o que as drogas-alvo fazem é ir direito dentro da caixa de fusíveis e consertá-los.

Existe apoio suficiente para pesquisas nessa área?

Deveria haver mais apoio, mais dinheiro para pesquisas, especialmente para câncer de rim. O câncer de rim é conhecido como um câncer para o qual não têm existido trabalhos ou investimentos suficientes, porque não é um dos mais comuns e no passado estava associado a baixa sobrevivência, então as pessoas não se identificam com ele. Homens se identificam com o câncer de próstata, por exemplo, mas o câncer de rim não.

O senhor acredita que a cura para o câncer será uma realidade?

Eu espero que haja uma cura para o câncer. Para câncer de rim, nós não temos a cura ainda. As drogas utilizadas até hoje são tratamentos crônicos, em algumas instancias é possível ver pessoas sendo curadas com esses medicamentos, mas é muito raro e ainda não se sabe o motivo.

Fonte: Veja.com

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