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Pré reabilitação e reabilitação sistêmica em oncologia. O que vem a ser isso?

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Pré-reabilitação

Os especialistas em tratamento oncológico, como os da comissão do American College of Surgeons têm reconhecido a importância do duplo rastreio de danos físicos e psíquicos logo após o diagnóstico de um câncer e consideram esta como parte das melhores práticas para o contínuo cuidado de pacientes com câncer, uma vez que permite conhecer a funcionalidade basal dos pacientes que irão iniciar o tratamento oncológico, o qual tende a diminuir a capacidade funcional devido aos vários eventos adversos provocados pelo mesmo, que apesar de ser uma consequência negativa é necessária para se atingir a meta de eliminar a doença. Desta forma os profissionais de apoio ao tratamento oncológico, como os fisioterapeutas, podem ter um parâmetro de comparação para traçar as metas de melhorias funcionais possíveis de serem alcançadas com o plano de reabilitação, isso é especialmente relevante em pacientes idosos, os quais podem já ter perdas funcionais consequentes a outras doenças crônicas ou ao próprio envelhecimento.

Será neste momento antes de receber o primeiro tratamento oncológico, também, que o fisioterapeuta terá a oportunidade detectar danos pré-existentes ou em estágio inicial, os quais podem ser sensíveis as intervenções de fisioterapia e podem ser minimizados antes ou durante o recebimento do tratamento oncológico.

Contudo, quando se prescreve a pré-reabilitação ou reabilitação oncológica sistêmica com o objetivo de se obter uma reserva funcional prevista de ser perdida em consequência aos efeitos adversos do tratamento oncológico é onde a fisioterapia mais pode contribuir. Estudos recentes têm demonstrado que esta reserva funcional pode melhorar vários desfechos relacionados à saúde de pacientes com câncer, uma vez que possibilitam uma recuperação mais rápida em pós-operatório de cirurgias digestiva, pulmonares e ortopédicas e pode minimizar a incidência ou intensidade de efeitos adversos da quimioterapia.

Em pacientes que receberam o diagnóstico de câncer de pulmão, cuja única proposta de cura da doença seria a cirurgia, mas que foram considerados inoperáveis devido a sua baixa capacidade funcional, quando participaram de um programa de reabilitação oncológica sistêmica intensiva (2 vezes por dia, por pelo menos 15 dias), melhoraram sua capacidade funcional ao ponto de se tornarem elegíveis para cirurgia e ao serem submetidos a esta não apresentaram complicações importantes. Esta proposta coloca a fisioterapia não apenas como apoio ao tratamento oncológico e sim como verdadeiros parceiros da equipe multidisciplinar no combate ao câncer.

Reabilitação Oncológica Sistêmica

A Reabilitação Oncológica Sistêmica (ROS) é a intervenção mais poderosa que a fisioterapia tem a oferecer em pacientes com câncer, uma vez que ela tem o potencial de melhorar não apenas os desfechos relacionados a função física (mobilidade, capacidade funcional, redução da fadiga, condicionamento cardiovascular, redução do peso/gordura corporal), mas também tem impacto em desfechos psíquicos (ansiedade e depressão), qualidade de vida,  sobrevida e de cura da doença. Tem sido demonstrado em diversos ensaios clínicos randomizados e grandes estudos epidemiológicos que identificaram que pacientes com câncer de mama, coloretal, pulmão e ovário que aderiram a prática regular de atividade física após a finalização da proposta de tratamento curativo apresentaram menos recidiva da doença e sobreviveram mais tempo comparado a aqueles que não realizaram atividade física regular.

A ROS se baseia na prescrição de exercícios regulares de moderada a alta intensidade de acordo com a tolerância do paciente. Todos os pacientes com câncer tendem se beneficiar desta prescrição de exercícios e com isso prevenir a recidiva da doença, da mesma forma que pessoas sem câncer podem prevenir esta doença se realizarem atividade física regular. As principais teorias que tentam explicar este efeito estão baseadas na modulação imunológica e na redução de marcadores inflamatórios provocadas pelo exercício.

Todavia a dose ideal de exercícios para cada paciente irá depender do seu condicionamento atual, do seu histórico de atividade física, do tratamento oncológico recebido, das doenças associadas e do estadio da doença. Mas tão importante como identificar a dose ideal para sua prescrição, o fisioterapeuta deverá identificar pelo menos um fator motivacional que possa estimular o paciente a se manter aderente ao programa de reabilitação e assim alcançar os vários benefícios possíveis que os exercícios podem proporcionar ao organismo.

É frequente em pacientes em quimioterapia a manifestação de vários eventos adversos consequentes aos efeitos tóxicos dela em células sadias, em especial aquelas com multiplicação rápida, como a epiderme, por isso a queda de cabelo, assim como nas células sanguíneas produzidas pela medula óssea, o que aumenta os riscos de anemia, infecções e sangramentos e podem contraindicar futuras sessões de quimioterapia e reduzir as chances de cura. Contudo, vários ensaios clínicos têm demonstrado que a prescrição de exercícios pode acelerar a recuperação das células sanguíneas e desta forma prevenir estas complicações e outras que podem vir em cascata como consequência.

A fadiga é um dos sintomas mais prevalentes e incapacitantes em pacientes com câncer, em tratamento ou mesmo após finalizado o tratamento oncológico, o que pode contribuir para um atraso ao retorno das rotinas de vida e de trabalho e onerar ainda mais o sistema de saúde e previdenciário que financia os constantes retornos aos profissionais de saúde e as licenças de trabalho respectivamente, sem falar no impacto nas relações interpessoais e conjugais. Felizmente, tem sido comprovado por múltiplas boas evidências que o tratamento com melhor resposta para a fadiga oncológica, independente da causa, é a prescrição de exercícios regulares.

Portanto, iniciar a atividade física durante o tratamento oncológico é uma oportunidade de educar os pacientes a conhecerem suas limitações e possibilidades e sentir os benefícios do exercício para que isso fortaleça a intenção de persistir na prática regular e com isso alcançar os benefícios máximos que o exercício pode trazer para suas vidas que é prevenir a recidiva da doença e aumentar o seu tempo de vida.

A Organização Mundial de Saúde há muito tempo já afirma que a função física é o mais importante determinante de sobrevida e qualidade de vida.  Portanto cabe aos fisioterapeutas assumir o importante papel de utilizar a prescrição de exercícios para melhorar a função física de pacientes com câncer e contribuir em melhorar os principais desfechos de saúde esperados pelos portadores da doença.

Flávia Maria Ribeiro Vital
Doutora em Ciências pela UNIFESP;
Especializada em Fisioterapia Cardio-respiratória pela USP;
Especializada em Avaliação tecnológica em Saúde pela UFRGS;
Especialista em Fisioterapia em Cancerologia e Vice-presidente da regional MG da Sociedade Brasileira de Fisioterapia em Cancerologia;
Professora da Pós-graduação em Saúde Baseada em Evidências da UNIFESP;
Coordenadora do Departamento de Fisioterapia do Hospital do Câncer de Muriaé - Fundação Cristiano Varella.
Diretora do Centro Afiliado de Minas Gerais ao Centro Cochrane do Brasil.

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