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Os tons cinzas do outubro rosa

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18/10/12

Aproveitando a passagem do Outubro Rosa, mês dedicado à conscientização das mulheres sobre a importância dos exames que detectam o câncer de mama, é oportuno alertar para a retórica que permeia as nossas leis e a incoerência do discurso da maioria dos nossos governantes. É um paradoxo falar em cor-de-rosa quando o câncer de mama não permite uma prevenção propriamente dita e a imensa maioria da população feminina convive com tons carregados de cinza.

O que significa "Outubro Rosa” para as mulheres do interior, quando chegam aos centros de tratamento de alta complexidade, já com a doença em estágio avançado e com poucas chances de cura? E para as que sequer têm acesso aos serviços de saúde? Ou pior, aquelas que descobrem nas campanhas ou nos mutirões de mamografia que têm um tumor e não conseguem tratamento? Mesmo com a aprovação da Lei nº 11.664, em vigor desde abril de 2009, que garante assistência integral à saúde da mulher, incluindo informação, prevenção, detecção, tratamento, controle e seguimento pós-tratamento do câncer de mama, as perspectivas têm sido desalentadoras.

Não é difícil imaginar o tormento de descobrir um câncer cujas células se multiplicam descontroladamente a cada minuto sem conseguir atendimento médico para o seguimento da doença. Nada parece cor-de-rosa para inúmeras mulheres que, ainda bem jovens, perdem uma mama por falta de acesso tempestivo ao tratamento. Menos colorido ainda é o choque de ver no espelho a silhueta mutilada porque não se conseguiu vencer a burocracia da cirurgia de reconstrução mamária.

Só quem passa por essas situações pode imaginar o trauma psicológico e a depressão que se segue a uma mutilação radical, que afeta o órgão símbolo da feminilidade e da maternidade. Diante das estatísticas alarmantes, nem as mulheres mais privilegiadas, com formação, informação, plano de saúde e outros confortos, acessíveis a menos de 10% da população, podem desfrutar de uma realidade cor-de-rosa.

Apesar da beleza plástica proporcionada pela luminosidade rósea do Cristo Redentor, da Casa Branca, do Arco do Triunfo, do Palácio do Campo das Princesas e de outros imponentes monumentos, a realidade da imensa maioria das mulheres das classes menos favorecidas é pra lá de sombria. Se o nosso Cristo Redentor pudesse expressar alguma coisa, provavelmente ficaria vermelho para alertar não só quanto à prevenção, mas principalmente para a falácia dos discursos que está por trás da aprovação de leis que sabidamente não serão cumpridas. Leis aprovadas sob pressão da sociedade já fazem parte do nosso habitual teatro do absurdo uma vez que, paralelamente, estabelecem entraves burocráticos, tornando-as inócuas.

Neste mês em que os monumentos mais importantes do mundo são iluminados da cor rosa, e em que estamos prestes a ir às urnas, é fundamental lembrar que o jogo de palavras não é suficiente para mudar o cotidiano daquelas que são acometidas pelo câncer de mama em todo o País. É preciso cobrar o que já está posto e exigir que o atendimento seja de fato prestado a quem necessita antes que o cenário fique definitivamente obscuro. A lei em vigor desde 2009, votada, sancionada, publicada e festejada, tem sido descumprida em numeráveis unidades da federação, e tudo continua no plano das aparências cor-de-rosa.

Quantos Outubros Rosas serão necessários e quantas mulheres ainda morrerão vítimas do desamparo institucional antes que a vontade política se sobreponha às encenações, que servem apenas para escamotear as verdadeiras razões pelas quais as verbas não chegaram às finalidades propostas?

Fonte: Portal Bem Paraná em Oncoguia.

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