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O impacto da mucosite na quimioterapia

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A quimioterapia é a opção terapêutica mais usada no tratamento dos diversos tipos de câncer, sendo utilizada de forma isolada ou associada à cirurgia e radioterapia. Age indistintamente em células normais em crescimento (cabelo, unha, sangue, mucosas) e em células tumorais como principal objetivo. O tratamento pode ser curativo ou paliativo, dependendo da sensibilidade e tamanho do tumor. Os quimioterápicos podem condicionar o aparecimento de manifestações secundárias desagradáveis, como náusea, vômito, febre, fadiga, diarréia, tontura, edema, eritema, dores musculares e articulares entre outras.


Considera-se a mucosite como sendo um estado inflamatório incidioso das mucosas que revestem órgãos e cavidades do corpo, decorrente da ação citotóxica dos agentes antineoplásicos. Aparece de quatro a cinco dias após início da quimioterapia, atingindo seu pico por volta do décimo dia. Sua gravidade tem certa relação com o uso de poliquimioterapia e associação concomitante à radioterapia.


Vários fatores podem estar associados à evolução dos diferentes graus e gravidade da mucosite. Muito embora o desenvolvimento tecnológico das drogas objetivem menor grau de toxicidade e a produção de “drogas alvo” para diminuir os danos, ainda assim temos que nos preocupar com a gravidade da mucosite como um fator debilitante que merece cuidado específico.

A individualidade da resposta de cada paciente frente à associação de drogas para tratamento dos diversos tipos de tumores ainda têm que ser melhor estudada. Sabemos que condições como sexo, idade, hipertensão, diabetes, hábitos nocivos, como tabaco e álcool, além de outras doenças de base, podem agravar a evolução da mucosite.

Com freqüência, certos esquemas terapêuticos podem comprometer a mucosa oral e gastrointestinal, provocando a chamada mucosite alimentar.

Por se tratar de uma manifestação transitória ao longo do tratamento do câncer e ser de difícil controle, não havendo até o momento consenso para seu tratamento, é que as queixas relativas à mucosite oral deveriam ser mais valorizadas. Ela causa um grande impacto na qualidade de vida dos pacientes, prolongando o estado de morbidade do tratamento podendo, em certos casos, levar ao óbito.

As células da mucosa que revestem a boca são afetadas e seus sinais e sintomas podem ser facilmente identificados. A mucosite oral ou estomatite quimioinduzida é traduzida por dor, queimação, vermelhidão, ulceração que interferem na alimentação, comunicação e humor do paciente.

Ela se instala durante os ciclos da quimioterapia, passando por diversos graus de evolução. Os danos provocados pelos quimioterápicos variam sua intensidade desde leves, quando não há restrição quanto ao tipo de alimento , podendo o paciente fazer uso normal de dieta sólida. Na mucosite oral moderada ele só consegue se alimentar com dieta pastosa ou líquida, sendo que na fase severa não é mais possível a alimentação por via oral, requerendo dieta enteral, internação e cuidados hospitalares, aumentando o tempo e custo do tratamento.

A experiência clínica ao longo dos anos tem demonstrado que a melhor forma de se conduzir a mucosite oral está baseada no conhecimento da sua fisiopatologia, nos mecanismos de ação dos esquemas terapêuticos, no controle sistemático da saúde bucal e no uso de dieta adequada.

A melhora da mucosite oral é norteada pelo controle da higiene bucal, uso de soluções antisséticas, formulações farmacológicas magistrais, infusões de ervas, soluções alcalinas, oxidantes, anestésicas, isotônicas, prescrição de antinflamatório, antibiótico, antifúngico, antiviral fatores de crescimento de células protetoras, além de laserterapia, crioterapia , etc.

É bem estabelecida a ação benéfica da saliva como moduladora do equilíbrio da microbiota e omeostase bucal. Todavia, a diminuição do seu fluxo causa a secura da boca ou xerostomia, diretamente relacionada ao uso de certos quimioterápicos e ao estresse físico do doente. Este efeito desagradável pode ser compensado com uso de estimuladores de produção de saliva, pilocarpina, goma com recaldente, saliva artificial, folhas de hortelã, infusões de camomila, aloe vera, entre outros.

São de máxima importância os cuidados locais com a placa bacteriana, que produz ácidos que agridem a mucosa oral, danificam os dentes e a gengiva, provocando a doença cárie e a doença periodontal. Esse controle pode ser obtido com uso de antisséticos bucais sem álcool, soluções desagregante de bactérias, soluções anti ácidas, géis e cremes dentais com composição farmacológica interessante e outros.

Os casos de mucosite oral associadas à imunossupressão severa, que apresentam ulceração com sangramento, favorecem a colonização bacteriana, reativação viral e perda ponderal do peso corpóreo.
Um imenso arsenal terapêutico foi estudado por grupos de pesquisadores e instituições especializadas que fazem recomendações para prevenção e tratamento da mucosite. Os diversos protocolos recomendados são seguros mas, isoladamente, apresentam relativa eficácia, sendo que até o momento nenhum apresentou resultados absolutos baseados em evidências, merecendo novos estudos.

A condução odontológica dos pacientes com câncer deve ser executada por profissional com conhecimento especializado que atue em parceria com o oncologista, pois cada estágio do tratamento do câncer requer um procedimento odontológico específico ou, dependendo da oportunidade, o mesmo poderá ser contra-indicado.

Seria prudente que os médicos encaminhassem seus pacientes com câncer para uma avaliação preventiva da boca e, no decorrer do tratamento, fizesse o controle da mucosite oral ou de outras manifestações que poderão ocorrer na boca durante e após a quimioterapia.

Algumas instituições dispõem de Estomatologista integrado à sua equipe multiprofissional, que responde pela adequação bucal dos pacientes até mesmo antes do planejamento terapêutico, tornando-se menos complexa a condução do caso.

O mais aconselhável é uma conversa com o médico para que o paciente possa obter as informações que necessita para viver melhor. A internet dispõe de sites especializados que permitem acessar informações instantâneas sobre o diagnóstico e evolução das doenças, tratamentos com novas drogas, oferecendo orientação, auxílio e suporte aos interessados.


Dr.Gilceu Pace
Estomatologista do IBCC Instituto Brasileiro de Controle do Câncer e Diretor da Clínica Pace de Odontologia, para Instituto Espaço de Vida.
http://www.espacodevida.org.br/questoes.php?id=427

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